Crônicas

Batidas na porta da frente

É o tempo

Anuncia o início de um novo ciclo. Pergunto como será, ele dá de ombros, diz não ser capaz de prever o futuro. Logo recua, arrisca um palpite óbvio: será diferente. Nunca é igual. Sabe ensinar e curar como ninguém, mas não tem todas respostas.  

Insisto, instigo. Pergunto se sentirei alguma tristeza, ele responde sim. Aquela  sensação de vazio fará algumas visitas. Durará um, no máximo dois dias, e então, minha vontade de viver, a força da vida me puxará do poço. Sairei mais forte, como sempre.   

Ele zomba

do quanto eu chorei

porque sabe passar

e eu não sei

Pergunto se serei feliz, ele responde com uma pergunta. Estás preparado para aproveitar as boas fases da vida e atravessar os momentos ruins com serenidade? Espero. Espero também que surja um novo interesse, escrever um romance, compor, tocar um novo instrumento… Ele não entende, quase desdenha. 

Respondo que ele aprisiona

Eu liberto

Que ele adormece as paixões

Eu liberto

Ofereço pousada, ele recusa, diz que precisa seguir. Peço que volte para outra prosa. Ele sorri em um sopro, demonstra simpatia pela ideia, mas não promete, não pode prometer nada. Ao sair, deixa um conselho: não tema as mudanças. Logo pra mim? Atravessei várias delas com razoável sucesso, gosto de lembrar do passado com nostalgia, mas não estou preso a ele… e então, recuo; prometo pensar sobre mudanças. 

Num dia azul de verão 

Sinto o vento

Há folhas no meu coração

É o tempo

 

“Resposta ao tempo” de Aldir Blanc por Luiz Fernando Bettella

 

Inovei, misturei poesia e música com prosa. O assunto tem tudo a ver com o ano novo e literatura tem tudo a ver com inovação. Poético e meloso demais para alguns… até pra mim. É o momento… voltarei ao normal em breve, mas valeu a pena.

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