Viver na Cidade

Caros leitores. Desculpem-me pelo atraso do texto dessa semana. Tive problemas, vocês devem imaginar… Começou com a falta de luz e internet. Depois veio a falta de água, depois, o cansaço – não é fácil para um cara da minha idade subir e descer 12 andares carregado de tralhas numa mão e celular como lanterna na outra. Por fim, tentativas de assalto ao prédio. Não posso esperar o desfecho desse último problema para escrever. Se a coisa complicar, será tema do próximo texto. Fugi para a praia, onde os problemas de infraestrutura são mais brandos. Os apagões costumam durar pouco, a falta de água limita-se ao réveillon e carnaval, as ruas são menos esburacadas, os alagamentos mais amenos, os assaltos menos frequentes e a internet cai com menor frequência.  

Porto Alegre está demais. O prefeito não consegue falar com a CEEE Equatorial, muito menos nós. A CEEE Equatorial culpa as árvores pelo caos. Quando eu era pequeno, havia um serviço periódico de manutenção das árvores da cidade que aparava galhos próximos à rede elétrica e retirava árvores com risco de cair. Um trabalho muito útil, uma prática que perdemos com o tempo. Efeitos colaterais do progresso. 

Agora, acompanho as notícias pelo grupo de Whats do condomínio. Há quem diga que a prioridade de atendimento da Equatorial é para os que protestam bloqueando a rua. Caso haja queima de pneus e móveis velhos, melhor ainda. Essa alternativa chegou a ser sugerida no grupo, mas não vingou. Ainda bem. Acabo de descobrir que o sujeito que tentou entrar no prédio é famoso por assaltos na redondeza. Há vários vídeos de seus delitos na internet. Porto Alegre está demais. Um carro suspeito que rondava o prédio parece ter desistido da investida.  

Se 92,7% dos clientes já tiveram o fornecimento de energia restabelecido, como informa a CEEE Equatorial, estamos com falta de sorte. Somos considerados “casos residuais”, e casos residuais não costumam ser bem atendidos. Não basta pagar pelo serviço, é preciso ter sorte. Porto Alegre está demais, e o valor do IPTU também.