Tirei a vesícula.
É aquele balãozinho que temos no corpo e que produz a tal da bilirrubina. Bem, de fato, ela não produz nada, ela só armazena as secreções do fígado para soltá-las na hora certa. Baita falcatrua!
É o que fiquei sabendo.
Ah, mentira, ela produz algo sim… assim como nos rins, ela inventa de produzir umas pedrinhas que ficam lá, dentro dela, dentro de nós, incomodando e causando dor.
Mas, diferente dos rins, ninguém sabe ao certo porque as tais pedras se formam.
Deve ser por algum pecado cometido ou promessa não cumprida. Só pode. Sou super certinho com comida. Minha esposa é uma “sargento da gastronomia”: fritura, só no aniversário! Tipo assim…
Minha alimentação é tão regrada que, se fosse para a minha vesícula criar uma pedra, tinha de ser uma pérola. Aí faria sentido e eu (e família) seríamos recompensados pelo esforço contínuo.
Eu penso assim…mas Deus não…e me deu uma pedrinha na vesícula.
Eu sou tal como todo homem, só diz que tá doendo e vai ao médico quando a coisa já fudeu, mas, por uma razão que desconheço, nas primeiríssimas dores fora das habituais dores nas costas (que já são minhas bem conhecidas parceiras de anos) eu resolvi ir ao dotô.
Analisa aqui, aperta ali, pergunta de cá…mandou fazer um ultrassom.
Aí sim, veio aquele bom e velho sentimento de macho que tenho arraigado dentro desse guasca que vôs fala, e pensei: vão acabar vendo o que não devia e aumentando o problema!
Dito e feito! Acharam três coisas.
Uma mancha no fígado, que não era nada, e um cisto nos rins que …também não era nada.
Ufa!
E…mais a pedra, é claro.
1 cm de incômodo. Para sem mais preciso, 0,9cm.
Pouco incômodo ainda, mas que, segundo o médico, pode ser uma bomba relógio. Isso porque se ela, ou parte dela, resolver “ir para a luz”, ela pode entupir o canal que vai até o intestino e aí é correria pro hospital e dor de parto! (mulheres, me perdoem)
Isso foi o que o médico me falou, e me perguntou: tira ou deixa?
Como sou um cara de decisões lógicas…vâmo tirá essa engronha!!
Ah, para os novatos em vesícula, saibam que, também diferente da bexiga, a pedra da vesícula não se tira, não se quebra e não se abre a vesícula. Vesícula, como deu pra perceber, é bicho chato.
Decisão tomada, procedimentos de agenda iniciados.
Tudo tranquilo, nada de mais desde a liberação do plano até a própria cirurgia, que, apesar de ser sob anestesia total, é rápida e muito simples. Hoje, feita por câmera. 3 furinhos na barriga. Até eu, com o equipamento certo e um tutorial no YouTube faria.
Feita a cirurgia, na qual eu dormi inteira, é claro, acordo na sala de recuperação. Sonolento…coisa boa…
O jejum era total e já tinha mijado toda a “água dos joelhos”antes da cirurgia, mas deu vontade de mijá. Pedi ajuda para levantar, afinal, foram vários pontos nos tais furos do equipamento e acabava de sair do sono profundo da anestesia, e mijei…como mijei. Fiquei sabendo que o soro na veia faz isso: faz xixi.
Voltei pra cama-maca, dormi um pouco e…xixi de novo.
A enfermeira não gostou muito, e defendeu a sua boa vida dizendo que “não era para ir toda hora no banheiro por causa dos pontos”. Ela mesmo pensou isso, “cás idéia própria dela”.
Trouxe o penico de hospital, a comadre, e fechou as cortinas. “Te vira maluco”!
Juro que tentei, mas não consegui. A cada forçada parecia que ia estourar um ponto.
Mandei whats pro médico que, de forma totalmente ambígua me respondeu:
“Não pode ir quantas vezes quiser não vai rebentar os pontos”
Primeiro pensei na frase com a seguinte pontuação:
“Não pode ir quantas vezes quiser, não! Vai rebentar os pontos!!”
Depois, analisando melhor, achei que também poderia ser:
“Não! Pode ir quantas vezes quiser! Não vai rebentar os pontos”
E aí, o que fazer?
Na dúvida, não ultrapassei: peguei a comadre e tratei de aprender a mijar nela.
Moral da história: mesmo no whats, onde o texto é legível pela força das letras digitadas, os médicos conseguem nos enrolar.
Êita espécie que se adapta bem à evolução do mundo…
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