A leitura do livro Renato Russo de Arthur Dapieve comoveu. É sempre assim. Gosto de música, gosto de ler, me interesso pela literatura associada ao tema, leio biografias de músicos e invariavelmente sou tocado por aspectos do lado B de suas vidas. O roteiro estava escrito quando Márcio me emprestou o livro. Ainda assim, não foi capaz de frear meu ímpeto de devorar as histórias da Legião e de suas músicas. O gênio musical Renato Manfredini Jr coloriu o fim da adolescência da minha geração com músicas extraordinárias e encheu nossas vidas de poesia e emoção. Merecia vida longa e feliz, mas o filme se repetiu mais uma vez: álcool, drogas, solidão, melancolia e até mesmo depressão. Lembro agora de Elis, mas poderia lamentar por uma lista interminável de precoces tristes fins.
A adrenalina da multidão sugere que a êxtase dos shows vale qualquer sacrifício. Não é bem assim. É aquela euforia, e depois… bem como Janis Joplin falou: você faz amor com 30 mil pessoas e depois vai pra casa sozinho. Solidão. Quartos de hotel podem ser deprimentes se estivermos sós. Assim viveram nossos grandes ídolos. Meus heróis morreram de overdose, meus inimigos estão no poder. A letra de Cazuza continua viva, geração após geração, infelizmente. Somente os gênios são capazes de traduzir sentimentos tão complexos em letras tão simples. Quem mais poderia dizer que teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer?
Renato não gostava de turnês. Enquanto os demais integrantes da banda levavam as famílias para passear durante o dia, Renato descia para o bar do hotel e via-se só. Encontrava no álcool consolo. Estou cansado de ficar sozinho, confidenciou muitas vezes..
Michael Jackson, Prince, Jimi Hendrix, Amy Winehouse, Elis, Chorão e tantos outros fenômenos da quarta arte não conseguiram converter genialidade em felicidade. Os infelizes gênios da música… devemos a eles as trilhas sonoras de nossas vidas. Não parece justo, mas quem disse que a vida seria justa.
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